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Agronegócio & Exportação
31/10/2004
O campo rende grandes negócios
"É um equívoco achar que o Brasil exporta pouco porque vende mais produtos primários"
O Brasil exporta e importa muito pouco se comparado a outros países em estágio de desenvolvimento semelhante, como o México e a China. O país tem 15% da água renovável do planeta, 5,2% das terras agricultáveis, cerca de 3% da população mundial e dos investimentos diretos internacionais, mas a ínfima participação de 1% no comércio global. Somadas exportações e importações, o número não chega a 25% do nosso PIB, um dos níveis mais baixos do mundo. É uma vergonha!
Para sair dessa situação, antes de mais nada é preciso evitar um novo ciclo de sobrevalorização cambial. É também imprescindível melhorar a infra-estrutura de transportes e portos e facilitar a vida dos exportadores em todos os segmentos em que somos eficientes, dos produtos primários aos bens industriais de maior valor adicionado. É um equívoco achar que o Brasil exporta pouco porque vende principalmente produtos primários de origem mineral e agrícola. De acordo com alguns críticos, o comércio desses produtos estaria estagnado, sem grandes perspectivas de crescimento, e traria poucos benefícios para o restante da economia brasileira. Nada está mais longe da realidade.
Graças a um notável estoque de investimentos em tecnologia, o Brasil tornou-se terceiro maior exportador mundial de produtos agrícolas e agroindustriais. Ocupa hoje a liderança mundial em termos de custos baixos na produção de açúcar, soja, algodão, celulose, frango e laranja. Responsável por 40% das exportações do país, o agronegócio integra indústrias de insumos, máquinas e equipamentos agrícolas, produtores rurais, indústrias de processamento e serviços de armazenagem, transporte, energia e comunicações. A agricultura exportadora é, na realidade, uma complexa rede que envolve empreendedores de todos os setores.
Entre 1990 e 2003, as exportações agroindustriais brasileiras cresceram a uma taxa média de 6,5% ao ano. No setor do açúcar, os volumes exportados aumentaram a taxas anuais de 18% e, no da soja, de 17%. No de carnes, o desempenho também foi fantástico. As vendas anuais de frango cresceram 13%; as de carne bovina, 9%; e as de carne suína, 27%. O ritmo das exportações do Brasil foi bem superior ao obtido pelos nossos maiores concorrentes, na sua maioria países desenvolvidos que competem apoiados em elevados subsídios governamentais. No exterior, há mercados estratégicos que apresentam forte crescimento de consumo justamente nas doze principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil. Nesses produtos, as compras da China, México, Tailândia e Índia crescem a taxas anuais que variam de 7% a 27%. Esses resultados jogam por terra o argumento do suposto baixo dinamismo dos mercados de produtos primários. A preocupante disparada no custo dos fretes marítimos para a Ásia é o principal sinal da crescente demanda dessa região por produtos primários.
As exportações de commodities agrícolas e minerais não são o problema, mas, sim, uma parte significativa da solução. Os empresários desses setores conseguiram explorar com extrema competência as vantagens do Brasil em relação a outros países. Além de recursos naturais abundantes, o país tem empreendedores. As verdadeiras ameaças às exportações são a sobrevalorização cambial, os gargalos da infra-estrutura e o arraigado protecionismo no mercado internacional. Para fazer a economia crescer e diminuir a vulnerabilida
Fonte: Veja Edição Especial Outubro de 2.004
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